No mercado de Alvalade há uma banca interessante, gerida por uma velha senhora brasileira. Habituei-me a lá encontrar coisas que raramente ou nunca os hipers têm coragem de pôr à venda (duvido que a maioria dos responsáveis pelas áreas de frescos tenha um mínimo de cultura gastronómica): ervas, chás, frutas e vegetais de além-mar, criados provavelmente numa das hortas urbanas clandestinas que vão resistindo nos interstícios da cidade.
Esta semana olhei para uns pequenos frutos e perguntei o que eram. "Maxixe", respondeu. Perguntei se era bom ("há quem goste, há quem não goste..." respondeu a senhora (sábia senhora)) e... lá trouxe.
Os meus livros adiantaram alguma coisa. O "Caderno de Comidas Baianas" (de Joaquim da Costa Pinto Netto) esclarece que
"O maxixe, como o quiabo, é legume rico em propriedades alimentícias, Além disso, é tenro, saboroso e digestivo.(...)
Pode-se até comê-lo em salada, como o pepino, depois de cozido e esfriado.(...)
Nos lares da Bahia come-se com frequência o maxixe ensopado para acompanhar pratos de carne, como lombos, bifes, croquetes, etc.
Prepara-se o maxixe ensopado fazendo-se um refogado de azeite doce com cebola, tomate e coentro picado. Quando alourar, acrescentam-se as rodelas do maxixe e um pouco de água quente. Deve-se tomar cuidado para não deixá-lo cozinhar demasiadamente e desfazer-se. Cozinha em pouco tempo. Também se faz o maxixe ensopado com camarão fresco ou seco.(...)"
Ora pois, pois. Fiz copypaste, usei, inventei para preencher os espaços em branco e saiu isto com a seguinte recomendação: usem quando puderem. Não é nacional mas é bom.
1. Raspar a casca e cortar as pontas |
Aí está o maxixe em rodelas: um primo do pepino, mesmo |
2. Refogado com azeite e cebola picada (e um pouco de água), depois carne picada para fritar e a seguir o maxixe |
3. Um pimento vermelho em quadradinhos e, mesmo no fim, alguns camarões frescos |
4. Polvilhar com coentros picados |
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