sábado, 21 de agosto de 2010

Ostras em Florianopolis

Ao Brasil vão todos os portugueses, ensinados por Cabral, à descoberta. E, como Cabral, partem para o desconhecido com o pensamento "deixa lá ver se o que aqueles tipos me disseram é mesmo verdade". É por isso que português que se preze elege o Rio, Porto de Galinhas, Praia do Forte ou Fortaleza como destino. Para lá descobrir o primo do vizinho, o cunhado do colega, a cabeleireira da mulher, o sócio do patrão, todos na mesma regalada fruição do Sol com fartura, das praias cheias de sotaque português, das caipirinhas que fazem lembrar o Chimarrão do bairro, do sorriso pixaim que faz sonhar tanto quanto o da moça lá do supermercado. Voltam todos felizes do dever cumprido, todos a falar do mesmo, todos Cabrais descobridores. Uma pena.

Há tanto lugar no Brasil para conhecer, tanta paisagem realmente única, tanto sítio sem portugueses!

Florianópolis é um deles. Desde que se vá entre Março e Novembro (o resto do ano fica para os turistas de carteirinha, maioritariamente argentinos e uruguaios), a ilha de Santa Catarina é um oasis de mais de 40 praias (semi-vazias a maioria), de belas paisagens e... de óptimas descobertas gastronómicas.

Em primeiríssimo lugar, as ostras.


Produzir ostras parece ser paixão floripense - a ilha é a área de maior produção da América do Sul  - e por todo o lado existem restaurantes que as oferecem num sem número de preparações. Eu acho um desperdício de tempo e recursos. Ostra que é ostra come-se crua, fresquíssima, com limão.

De preferência com esta paisagem a encarar-nos e a confirmar que, bem disfrutada, a vida é bela.



Segunda descoberta, o Mercado Municipal, no centro histórico. Pelo que revela dos hábitos dos seus utilizadores, da cidade e do país que o alberga. Ainda que o consumo tenha fugido para centros mais consentâneos com os tempos de comércio massivo actuais e as lojas dedicadas à alimentação se encontrem em minoria, as peixarias são uma presença impositiva, revelando a riqueza do mar circundante. Marisco, peixes, de formas diversas com nomes iguais. 

As tainhas são peixes pequenos. 

O camarão tem cores e tamanhos diversos. Aos montes. Barato.



Box32 ultrapassou fronteiras - é marca de sucesso e polo de atracção tanto de bon vivants como de turistas à procura do pitoresco.




As fotografias com ilustres visitas estão estrategicamente espalhadas acima do balcão, contribuindo para a sua aura de lugar de romaria. É simpático ainda que demasiado turístico (e até merchandising tem à venda, facto que os solícitos empregados não se esquecem de lembrar):. Os pasteis até são saborosos mas... só. 

Acredito que no início, a tasca original deveria ser – aí sim – ponto obrigatório de paragem.



Desçam ao Sul e refastelem-se. Vão ver que é tempo de qualidade. Sem "pás", nem "gaijos". Esses ficam para o resto do ano.

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