Nas palavras do imortal Pinto da Costa, quase sempre que empregamos uma frase mais hard não queremos ser literais.
Quantas vezes não exclamámos, perante uma desilusão culinária, um desleixo do cozinheiro ou uma falta de respeito do restaurador, "mas que bosta de comida"? Ou, mais entredentes, "esta coisa é uma merda"?
Pois. Deslizes de linguagem. Há no entanto um café originário da Indonésia e Filipinas que, literalmente, é um café... de caca: alguém terá um dia prestado atenção às fezes de um mamífero local - as civetas - descobrindo que os grãos de café deglutidos pelo animal não se tinham dissolvido. Daí a torrar - e provar - os grãos, terá sido um nada pequeno passo que acabou por acontecer com resultados surpreendentes: as enzimas presentes no intestino dos animais actuavam sobre o café, dando-lhe um sabor original.
Neste mundo ávido de novidades, o "Kopi Luwak" é de um tal exotismo que se tornou o café mais caro do mundo.
Em Nova Iorque custa 30 dólares a chávena (o copo). Ainda que o seu processo de produção o torne numa semi-raridade, parece-me que o preço é mais factor desta sociedade que vive de mais-valias especulativas do que do seu especialíssimo sabor.
O nova-iorquino jornal "Daily News" resolveu investigar e, como seria de esperar, as opiniões de quem o provou oscilam entre o "sabor a terra ou musgo, alguma secura" (de quem não lhe conhece a origem) a "cheira a fezes, parece que alguém ... para dentro do meu copo (de quem não se esquece da mesma).
Eu não tenho nenhuma intenção de o comprar. Pensando bem, mesmo prová-lo me parece complicado... E vocês?
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