O Bourdain já lá esteve de assento, garfo e pucarinha com os Dead Combo, lógico seria pensar que falar dela estava mais no domínio das old news do que da novidade fresquinha e saltitante que mimetize a sazonalidade das vitalícias patrocinadoras dos cartazes das Festas de Lisboa.
Bom. O Bourdain esteve lá mas já há três anos, em estrelada noite de campanha eleitoral, mesmo em frente ao sítio - então fechado numa melancólica tristeza de glórias comerciais passadas, muito pó e restos de existências -, alguém imaginava o quão especial seria um tasco feito ali no meio das canas de pesca e redes e demais engenhocas de captura. Não fora a memória de derrapagens passadas e o projecto teria nascido ali e agora, avant la lettre, que é como quem diz antes da boleia de ruas cor de rosa e atentados patrimoniais a arcos pombalinos que, noutros tempos e em outras vereações, teriam sido considerados justamente como opróbrio para a cidade pelos bem pensantes e melhor dizentes.
Não nasceu então - e quem sabe o que seria o seu futuro, profeta antes de tempo - nasceu depois e é sucesso, ainda que, quando o vejo engolido pela turba que enche a rua por estas noites, sinta que perde parte do seu encanto.
Porque a Sol e Pesca é um encontro íntimo. É uma conversa a dois naqueles bancos rodas baixas, com um prato de petisqueira à frente,
dois copos e um jarro e aquela fabulosa parede em fundo, embalagens e embalagens de conservas.
É o mar que não se ouve mas é como nos embalasse a conversa. E os pios das gaivotas que felizmente estão mudas mas que, cadenciadamente, vão pautando o pensamento.
Ou é um fim de tarde em horário de Verão, uma paragem para um copo e um tira gosto, uma discussão de cozinha, restaurantes ou futuros albergues.
A ver lisboetas a passar.
Mas assim, prazer de poucos de cada vez, longe da moda e do in e das tribos.
SOL E PESCA
R. Nova do Carvalho 44, 1200 Lisboa
(A propósito: já provei a sardiiiiinha liiiiiiiinda deste ano. Mnhac. O plancton também está em crise no Atlântico.)
Bom. O Bourdain esteve lá mas já há três anos, em estrelada noite de campanha eleitoral, mesmo em frente ao sítio - então fechado numa melancólica tristeza de glórias comerciais passadas, muito pó e restos de existências -, alguém imaginava o quão especial seria um tasco feito ali no meio das canas de pesca e redes e demais engenhocas de captura. Não fora a memória de derrapagens passadas e o projecto teria nascido ali e agora, avant la lettre, que é como quem diz antes da boleia de ruas cor de rosa e atentados patrimoniais a arcos pombalinos que, noutros tempos e em outras vereações, teriam sido considerados justamente como opróbrio para a cidade pelos bem pensantes e melhor dizentes.
Não nasceu então - e quem sabe o que seria o seu futuro, profeta antes de tempo - nasceu depois e é sucesso, ainda que, quando o vejo engolido pela turba que enche a rua por estas noites, sinta que perde parte do seu encanto.
Porque a Sol e Pesca é um encontro íntimo. É uma conversa a dois naqueles bancos rodas baixas, com um prato de petisqueira à frente,
dois copos e um jarro e aquela fabulosa parede em fundo, embalagens e embalagens de conservas.
É o mar que não se ouve mas é como nos embalasse a conversa. E os pios das gaivotas que felizmente estão mudas mas que, cadenciadamente, vão pautando o pensamento.
Ou é um fim de tarde em horário de Verão, uma paragem para um copo e um tira gosto, uma discussão de cozinha, restaurantes ou futuros albergues.
A ver lisboetas a passar.
Mas assim, prazer de poucos de cada vez, longe da moda e do in e das tribos.
SOL E PESCA
R. Nova do Carvalho 44, 1200 Lisboa
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