quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

The Best disco in town

Há personagens bigger than life que nos deixam, perenes actos de vida, momentos de inspiração, biopics para Hollywwod. Bah. Inspiradores mas chatos. Been there, seen that, sessão vespertina de Domingo, sofá e pose garfield que há neura a mais e paciência a menos para revisitar a cidade e arredores.


Depois há personagens bigger than me.


Tão grandes nos gestos e no talento que me colocam no lugar. E o abraço que me dão, da amizade às guloseimas que me colocam à disposição do palato, deixa-me quase sem jeito na retribuição. Faço por isso. Digo uns disparates para disfarçar a emoção enquanto os olhos brilham, indecisos entre a admiração e aquelas coisas que não assistiam aos homens de antanho.




E provo. E saboreio. E peço mais. E divirto-me com as ideias fora da caixa e os caixotes de ideias transformados em acepipes, entradas, pratos principais, sobremesas.








É uma cornucópia, este Joe.










segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Dois dedos de conversa séria


Henrique Mouro e o Assinatura:

Rigor e simpatia. Disponibilidade e profissionalismo. Paixão e serenidade.

Um encontro com o homem por detrás de um dos grandes restaurantes de Lisboa é este conjugar de sensações. De se estar perante alguém que leva muito a sério a sua dádiva, a ponto de dela obter prodígios, casamentos excelsos, harmonias memoráveis.

Aqui fica um apontamento de algumas das suas ideias

O que é que o inspirou para este menu?

O produto, o produto, o produto. É onde vou buscar a inspiração e de onde nasce tudo. Gosto do produto quando ele é bom e é daí que nasce a selecção. Depois é a técnica o conhecimento que tenho do mesmo e a partir daí é tentar não estragar e extrair dele o que tem de melhor.

Os legumes...

Não precisa ser só carne ou peixe. Consumimos demasiada proteína animal. É um prato diferente mas que faz sentido por estar na mesma linha de trabalho.

A crise e a restauração, como se ultrapassa?

Com trabalho. Sermos fieis a nós próprios. Termos a capacidade de usar produtos menos caros mas com igual possibilidade de alcançar a melhor qualidade. Sem desvirtuar o trabalho e sem baixar a qualidade.

A crise... nota-se um decréscimo na frequência dos clientes, as pessoas estão muito mais contidas. Mas também temos dias simpáticos, temos turistas que vêm à procura da portugalidade...

Notou-se um incremento na procura depois dos artigos do Maribona e do jornal Die Zeit (tradução)?

Claro. Mas é estranho apercebermo-nos que às vezes é preciso ser-se falado primeiro lá fora para a atenção interna aumentar.

A estrela é uma ambição?

Não, sinceramente não. Não vamos mudar a nossa lógica para nos adaptarmos a supostos padrões do Guia. Vamos continuar a fazer assim, como gostamos, como sabemos. Se nos quiserem recompensar, aceita-mo-lo com todo o prazer e muito gosto. Mas não vou mudar. Não me vou vender. E até agora... no final do primeiro ano fomos recomendados. No segundo, vamos ver. Os inspectores já cá estiveram, irão voltar... veremos. O meu compromisso é com os meus clientes.

N.R.: Não foi ainda este ano. Mesmo na perenidade clássica há modas.


quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Para onde vamos?


Férias sabáticas, para começar. Limpeza das ideias, já cheias de material rejeitado e a reciclar, sobredoseadas com mais informação, extra-informação, lixo-informação.
Férias e um mês de ausência.

(Estou pronto?)

Final de mês e de ano com más notícias restaurativas, o encerramento do Tomba-Lobos a encimar a lista de todas as casas já fechadas, a corporizarem o que se teme e, como um doente condenado pelos sintomas, nos obstinamos a recusar como inevitável. Ler a História é conhecer o presente, de ecos de grandes restaurantes fechados prematuramente estão os registos cheios e, no entanto, este fechar de casas parece-se muito mais com uma encapotada e oficial condenação à morte do que com o normal correr dos tempos.

A ordem parece ser fechar tudo o que respira entre o luxo e a tasca normalizada em azulejo e alumínio. Há que reformatar a restauração em indústria exportadora e a mão-de-obra nela especializada em carne para canhão avulsa para usar barata nos amanhãs empresariais que se desejam.

Oh, apagada e vil tristeza. Precisamos de ficar remediados e de viver poucochinho, de acordo com as economistas ideias de que nos governa? Precisamos de voar baixinho, comer menus de 6 euros ou, melhor, levar de casa zébento boxes preparadas entre as novelas da véspera?

Precisamos mesmo de ser menos?