Foi assim como uma Alice no País do Espelho em versão lisboeta. O jantar de 25 realizado a 24, os acontecimentos a cores, em vez da versão preto&branco made in RTP. O azeite em vez da revolução, igualmente democrático e muito mais consensual.
À volta da gastronomia, os protagonistas do passado voltaram à realidade. Outra realidade, neste presente em - conforme os gostos - gravosa ou virtuosa mutação.
Sousa "Tareco" Tavares a anunciar o jantar. Salgueiro Maia, de megafone em punho, a solicitar a rendição rápida das tropas cercadas e não convidadas para o repasto que estava a faltar tempo para a preparação de tanto prato. Soldados reunidos a discutir receitas. Marcelo Caetano com a barriga a dar horas. Spínola a limpar o monóculo para melhor apreciar a disposição da mesa, Vasco Lourenço a gritar que o que é preciso, pá, é que a comida chegue para todos, pá e Otelo a responder-lhe que o povo, pá, o povo é que devia, pá, ser servido primeiro, pá. Costa Gomes a tentar equilibrar os pratos de peixe e de carne, Rosa Coutinho a pensar se a Moamba levava azeite, Pinheiro de Azevedo convencido de que o pessoal era sereno desde que a fumaça fosse só a do bacalhau a assar, Melo Antunes a congeminar uma estratégia para o trabalho na cozinha, na sala e na distribuição do que sobrasse. Zeca Afonso disposto a animar a malta com o que fizesse falta, fosse azeite ou equidade nas porções.
Ainda que se fartassem de explicar ao revisor que queriam um bilhete para o Carmo, o condutor não ligou nenhuma e manteve-se teimoso nas ordens recebidas do expedidor e lá levou o dois-andares para Odivelas - foi preciso pôr a tropa toda em três táxis a recambiá-los para a Baixa. Ao passar no Chiado, a polícia de serviço quase que os confundiu com os manifestantes da Brasileira e foi o cabo dos trabalhos convencer os agentes a não usar os seus pauzinhos correctores de ideologias nas máquinas fotográficas que tinham trazido para a festa.
E a festa foi bonita, pá.
Azeite: nada de mais democrático. Usado por todos e em quase todos os pratos. Genérico e elitista. Saudável e guloso. Nacionalizado. Nosso.
À volta da gastronomia, os protagonistas do passado voltaram à realidade. Outra realidade, neste presente em - conforme os gostos - gravosa ou virtuosa mutação.
Sousa "Tareco" Tavares a anunciar o jantar. Salgueiro Maia, de megafone em punho, a solicitar a rendição rápida das tropas cercadas e não convidadas para o repasto que estava a faltar tempo para a preparação de tanto prato. Soldados reunidos a discutir receitas. Marcelo Caetano com a barriga a dar horas. Spínola a limpar o monóculo para melhor apreciar a disposição da mesa, Vasco Lourenço a gritar que o que é preciso, pá, é que a comida chegue para todos, pá e Otelo a responder-lhe que o povo, pá, o povo é que devia, pá, ser servido primeiro, pá. Costa Gomes a tentar equilibrar os pratos de peixe e de carne, Rosa Coutinho a pensar se a Moamba levava azeite, Pinheiro de Azevedo convencido de que o pessoal era sereno desde que a fumaça fosse só a do bacalhau a assar, Melo Antunes a congeminar uma estratégia para o trabalho na cozinha, na sala e na distribuição do que sobrasse. Zeca Afonso disposto a animar a malta com o que fizesse falta, fosse azeite ou equidade nas porções.
Ainda que se fartassem de explicar ao revisor que queriam um bilhete para o Carmo, o condutor não ligou nenhuma e manteve-se teimoso nas ordens recebidas do expedidor e lá levou o dois-andares para Odivelas - foi preciso pôr a tropa toda em três táxis a recambiá-los para a Baixa. Ao passar no Chiado, a polícia de serviço quase que os confundiu com os manifestantes da Brasileira e foi o cabo dos trabalhos convencer os agentes a não usar os seus pauzinhos correctores de ideologias nas máquinas fotográficas que tinham trazido para a festa.
E a festa foi bonita, pá.
Azeite: nada de mais democrático. Usado por todos e em quase todos os pratos. Genérico e elitista. Saudável e guloso. Nacionalizado. Nosso.
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