A ideia não é original, só o palavrão.
A tasca está para a restauração lisboeta como Alfama para o seu urbanismo.
Tem tanto de típico como de decadente. Tem tanto de encantador como de ultrapassado pela legislação. Tem tanto de apelativo como de moribundo.
Ainda hoje sabe bem flanar por Alfama, sentir Alfama, escutar, cheirar, olhar Alfama.
E, ainda que seja quase como buscar o alfinete que o João Palerma guardou na meda, ainda hoje vale a pena (re)descobrir cheiros e gostos nas poucas tascas genuínas que, ainda resistentes, esperam a morte anunciada.
Não me vão apanhar a, como a CML nos idos de 30 (vá lá, com o medo que as buscas criaram, a CML de hoje também parece, em certas coisas a CML desses anos), defender o pitoresco.
Mas podem apanhar-me a defender uma nova vida para as tascas lisboetas: redesenhá-las como tasconómicas - tascas gastronómicas! Porque é que jovens talentosos hão-de andar a penar em aventuras caríssimas, num tempo de incerteza económica, com uma sociedade em perda de poder de compra? Porque não a adaptação deste conceito - lugares pequenos, sem extravagâncias decorativas, de tradição com uma cozinha de autor e de custo acessível?
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