Da esperteza já se disse que era saloia, em curiosa antítese com a má fama de credulidade sem barreiras com que os mesmíssimos saloios foram crismados desde quando, em visita boquiaberta à capital eram facilmente enganados pelos vendedores de banha da cobra lisboetas.
Eu que sou lisboeta mas não vendo banha nem gosto desses passodobles de prestidigitador apressado, tenho vindo a assistir, com cada vez maior frequência, nos restaurantes do burgo a uma dessas habilidades para visitantes inocentes que me deixam irritado e com a certeza de não mais voltar.
A praga estende-se, de restaurantes tradicionais alentejanos a restaurantes pipis com pretensões gourmet e aspirações de reconhecimento e o truque é corriqueiro - apresentar preços mais baixos nos pratos principais ou em menus especiais ao mesmo tempo que se aumentam escandalosa e desproporcionalmente todos os complementos da refeição (desde as múltiplas entradas não pedidas e em preenchimento cuidadoso da mesa e da gula do comensal, ao pão e ao café inevitáveis). Quem a ele recorre parece esquecer-se de que em tempos de aprofundada crise como o presente, a memória dos clientes apura-se, levando muito a mal graças deste teor que inflacionam em muito o valor calculado pelo (em processo de contenção) cliente.
É que, se à primeira caem muitos, à segunda só cairão as moscas que sobram no restaurante desertificado.
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