quinta-feira, 19 de abril de 2012

Le Divellec d'Honneur


Com Divellec chegou a vez, no Peixe em Lisboa, da alta cozinha à moda antiga. Sem funfuns nem gaitinhas, como diria um amigo meu, pura e dura, essencial.

Jacques le Divellec é um grande senhor da cozinha francesa, grande entre os grandes, o primeiro cozinheiro a ser agraciado com o título de Cavaleiro da Legião de Honra (de onde não estará afastado - a par do seu talento - o facto do seu restaurante ser o preferido das grandes figuras políticas francesas dos últimos 30 anos). O Le Divellec é considerado o melhor restaurante de peixe em Paris e o Larousse des Poissons


Perante ele não se está diante de uma grande estrela - está-se diante de um grande senhor. Simpático, quase bonacheirão, de olhos brilhantes, ironia pronta, mão certeira e imperial: a sua equipagem de dois não parou, atarefada a executar todo o backup necessário para deixar o chef brilhar (foi curioso observar como dois maduros aceitavam naturalmente o seu papel secundário, fluindo o "chef!" a cada indicação/ordem do cozinheiro-estrela).


Os pratos apresentados foram, como diria Aduriz, simples sem serem simplistas. Em quase todos pouco tempo de preparação no fogão ou no forno, poucos molhos, reduzidos acompanhamentos. Realce para o sabor das peças, acentuado pela acidez do suco de limão ou pela pimenta, ligado pelo azeite ou pela manteiga. Porque, como disse, o peixe português não merece ser nem maltratado nem

Do resultado final não há fotografias: tudo foi integralmente degustado pela deliciada audiência em tempo real - prato cozinhado era distribuído por todos.

Uma lição do que pode ser também um show de cozinha...





O filho Yann, chef do seu próprio restaurante, aqui como supporting actor


Ah, que seria de um chef francês sem a sua manteiga...


Não fixei o nome deste senhor, braço direito do chef mas asseguro-vos que é portuguesinho da silva
 e renomado profissional nas terras do Asterix

Preparação para o primeiro prato, vieiras e cogumelos de Paris emparelhados em cocotte no forno - imprescindível barrar primeiro com manteiga e temperar de sal e pimenta

A laminação das vieiras

E a colocação na cocotte em versão tv, única visível
Adicionados alguns mexilhões cozidos à marinière e o suco dos mexilhões reduzido com vinho branco, chalotas e manteiga. Colocados brevemente no forno ou, de acordo com o chef, no micro-ondas

Segundo prato: Vieiras picadas para um Tartare de Sainte-Jacques sempre com faca e nunca com máquina

... chalotas, sumo de limão, cebolinho, sal e pimenta...

Pai e filho em cúmplice diálogo de pormenores

O robalo final: a ser preparado no forno, em crosta de sal...
... com a adição de (pausa) as folhas de um charuto!,
técnica apreendida recentemente e que, segundo ele dá ao peixe um aroma e um sabor muito interessantes 








Carpaccio de garoupa...
... e vitela
...com sumo de limão
... e azeite
... et voilá!

Para finalizar, duas tranches de garoupa fritos unilateral (só do lado da pele) em manteiga e azeite, em lume médio.
Prontas quando o topo ficar branco.

Demonstração cabal de como o prazer também pode chegar só com o recurso a uma faca e uma fonte de calor. E a produtos de primeiríssima qualidade, claro.

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