Desde pequeno que não gosto de procissões. De, em passo lento e mitigado por quem vai à frente, seguir como partícula no ondular da multidão arregimentada. Sem razão e sem opção.
Tento ignorar os cantos de sereia da maior parte das feiras e festejos gastronómicos deste país porque é raro não dar por mim enterrado numa dessas procissões, entre gente incivilizada que empurra, pisa, pára sem razão aparente. Mesmo quando o final é compensador, o produto bom, fico sempre com a sensação de engano. De decepção, pelas provações desnecessárias a que fui obrigado pelo desleixado planeamento dos organizadores.
Ontem, no Mercado Gourmet, no Campo Pequeno, enfrentei mais um desses tormentos de passadeira, agravado pela disposição circular das bancas, adaptada à geometria do recinto. Gente e mais gente às voltinhas, crianças fartas ou pedinchonas e senhoras mancas pelos calos, carrinhos de bébé e famílias em magote, inevitavelmente em rota de concentração junto às bancas em oferta de provas e com destino final nos chocolates de Óbidos (pão-de-ló de chocolate? cruzes credo!).
Provações à parte, o que fica deste "Mercado"? Uma coisa boa - o número de produtores, a indiciar uma crescente aposta no mercado gastronómico. Revivalismo, aproveitamento amador do sucesso de alguns, do tipo que prolifera nas "casinhas de comida" e no "pronto-a-vestir", retorno à terra ? Só o tempo o dirá.
Ficam igualmente algumas reticências... A primeira e para mim mais importante é o colocar no mesmo "saco gourmet" produtos tradicionais - que deveriam ser, para maior possibilidade de sobrevivência, acarinhados para o grande público (obviamente de tiragem não massificada mas longe do ghetto de conhecedores) - e produtos de nicho (como os chocolates, licores específicos ou derivados do mel).
Infelizmente não temos uma rede de mercearias para absorver os produtos tradicionais de baixa tiragem que não cabem nas exigências das grandes superfícies nem deveriam atingir os valores esperados para produtos de alta gama. O que fazer a um enchido que é melhor - oh tão melhor! - que as industrialidades de baixo preço mas que não está abrangido por DOPs e IGPs?
Segunda reticência para o total amadorismo mediático da esmagadora maioria dos participantes: quase inexistente material explicativo (que pudesse prolongar os eventuais esclarecimentos locais), stands nada chamativos. Responsabilidade dividida com a organização que optou por não ser muito exigente no que a este item dizia respeito?
A reflectir por organizadores e participantes. Entretanto, espero que cresça a pressão dos presentes para a fácil disponibilização de genuínos produtos nacionais... numa loja de comércio tradicional perto de cada um.
Tento ignorar os cantos de sereia da maior parte das feiras e festejos gastronómicos deste país porque é raro não dar por mim enterrado numa dessas procissões, entre gente incivilizada que empurra, pisa, pára sem razão aparente. Mesmo quando o final é compensador, o produto bom, fico sempre com a sensação de engano. De decepção, pelas provações desnecessárias a que fui obrigado pelo desleixado planeamento dos organizadores.
Ontem, no Mercado Gourmet, no Campo Pequeno, enfrentei mais um desses tormentos de passadeira, agravado pela disposição circular das bancas, adaptada à geometria do recinto. Gente e mais gente às voltinhas, crianças fartas ou pedinchonas e senhoras mancas pelos calos, carrinhos de bébé e famílias em magote, inevitavelmente em rota de concentração junto às bancas em oferta de provas e com destino final nos chocolates de Óbidos (pão-de-ló de chocolate? cruzes credo!).
Provações à parte, o que fica deste "Mercado"? Uma coisa boa - o número de produtores, a indiciar uma crescente aposta no mercado gastronómico. Revivalismo, aproveitamento amador do sucesso de alguns, do tipo que prolifera nas "casinhas de comida" e no "pronto-a-vestir", retorno à terra ? Só o tempo o dirá.
Infelizmente não temos uma rede de mercearias para absorver os produtos tradicionais de baixa tiragem que não cabem nas exigências das grandes superfícies nem deveriam atingir os valores esperados para produtos de alta gama. O que fazer a um enchido que é melhor - oh tão melhor! - que as industrialidades de baixo preço mas que não está abrangido por DOPs e IGPs?
Segunda reticência para o total amadorismo mediático da esmagadora maioria dos participantes: quase inexistente material explicativo (que pudesse prolongar os eventuais esclarecimentos locais), stands nada chamativos. Responsabilidade dividida com a organização que optou por não ser muito exigente no que a este item dizia respeito?
Terceira e última reticência / interrogação: faz sentido juntar produtores e revendedores num mesmo evento, correndo-se o risco de canibalizar uns o negócio de outros?
A reflectir por organizadores e participantes. Entretanto, espero que cresça a pressão dos presentes para a fácil disponibilização de genuínos produtos nacionais... numa loja de comércio tradicional perto de cada um.
Caro Pedro Cruz Gomes! Estive presente no Sábado e fiquei precisamente com as mesmas questões, para além da falta de espaço e um calor insuportável.
ResponderEliminarLuís Seguro.
Obrigado pela partilha, Luís. Estou a ver que também é do clube dos "poucos mas bons"... ;)
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