Terceira e última paragem do périplo pela grande Lisboa em busca de restaurantes cantonenses/macaenses de referência.
No Cacém, na zona temporalmente intermédia entre o pequeno burgo dos anos 40/50 e a explosão urbanística do final do século, antes da intimidante intervenção Polis. Deprimente arquitectura a lembrar o quanto necessitados andamos enquanto povo de uma lavagem de olhos em paragens de maiores consciência e exigência de estilo.
Em sobreloja de multiespaço comercial, um lugar de comer que seria mais um entre iguais não fora a raridade de muitos dos pratos saídos da sua honesta cozinha.
Decoração sem história (será que há um fornecedor único de interiores para restaurantes asiáticos?) a cumprir todos os clichés orientais para ocidentais verem. Kuaizi (pauzinhos), loiça, mais do mesmo, não é por aí que as coisas animam.
Começaram para mim a animar na sopa ácido-picante, a qual, mesmo "importação" de Sichuan, é sempre bem-vinda para os sedentos de sabores mais próximos do limite da dor. Sem exagero mas sem contemplações, um bom início.
Entrando nos dim sum, os pak choi kok (dumplings de camarão e couve chinesa) criação fora dos caminhos mais tradicionais, a cor da massa glutinosa tingida pelo verde do pak choi e um recheio grumoso que surpreende mas se torna agradável pelo contraponto à lisura do invólucro.
Revolução! Da massa lisa e cozida a vapor para um recheio de carne picada, cogumelos chineses e amendoim envolto em massa frita. Inusitados e agradáveis estes ham sui kok a demonstrar a multiplicidade de alternativas que esta bite size food apresenta.
Para terminar o capítulo em beleza, um prato de chu cheong fan rolos de farinha de arroz cozida em vapor, tradicionalmente comida de rua para pequenos-almoços en passant. Pequenos almoços? Pequenos almoços. Temperados com sementes de sésamo e molho de amendoim e banhados em molho hoisin. É um gosto que se desenvolve com a prática, a massa "mastigativa" (pensem na consistência da pastilha elástica menos o sabor; aliás sem nenhum sabor) muito fora dos hábitos nacionais.
Terminou-se com ngau yuk chao ho (qualquer coisa como massa larga e lisa (ho, abreviatura de ho fan) frita (chao) com carne de vaca (ngau yuk)), um prato e um sabor mais próximos do reconhecível mas ainda assim a destacar-se pela originalidade da massa.
Vá-se em excursão ao Cacém, pois. Com palas para o caminho não impressionar e de preferência a optar pela primeira entrada do IC19 (para quem vem de Lisboa) - ele há agressões urbanísticas que nos estragam o apetite...
Restaurante Dim Sum
Rua António Nunes Sequeira, nº 14A, Agualva - Cacém (frente à escola secundária)
Tel. 918 012 330 / 21 913 58 48
www.facebook.com/restaurante.dimsum
No Cacém, na zona temporalmente intermédia entre o pequeno burgo dos anos 40/50 e a explosão urbanística do final do século, antes da intimidante intervenção Polis. Deprimente arquitectura a lembrar o quanto necessitados andamos enquanto povo de uma lavagem de olhos em paragens de maiores consciência e exigência de estilo.
Em sobreloja de multiespaço comercial, um lugar de comer que seria mais um entre iguais não fora a raridade de muitos dos pratos saídos da sua honesta cozinha.
Decoração sem história (será que há um fornecedor único de interiores para restaurantes asiáticos?) a cumprir todos os clichés orientais para ocidentais verem. Kuaizi (pauzinhos), loiça, mais do mesmo, não é por aí que as coisas animam.
Começaram para mim a animar na sopa ácido-picante, a qual, mesmo "importação" de Sichuan, é sempre bem-vinda para os sedentos de sabores mais próximos do limite da dor. Sem exagero mas sem contemplações, um bom início.
Entrando nos dim sum, os pak choi kok (dumplings de camarão e couve chinesa) criação fora dos caminhos mais tradicionais, a cor da massa glutinosa tingida pelo verde do pak choi e um recheio grumoso que surpreende mas se torna agradável pelo contraponto à lisura do invólucro.
Revolução! Da massa lisa e cozida a vapor para um recheio de carne picada, cogumelos chineses e amendoim envolto em massa frita. Inusitados e agradáveis estes ham sui kok a demonstrar a multiplicidade de alternativas que esta bite size food apresenta.
Para terminar o capítulo em beleza, um prato de chu cheong fan rolos de farinha de arroz cozida em vapor, tradicionalmente comida de rua para pequenos-almoços en passant. Pequenos almoços? Pequenos almoços. Temperados com sementes de sésamo e molho de amendoim e banhados em molho hoisin. É um gosto que se desenvolve com a prática, a massa "mastigativa" (pensem na consistência da pastilha elástica menos o sabor; aliás sem nenhum sabor) muito fora dos hábitos nacionais.
Terminou-se com ngau yuk chao ho (qualquer coisa como massa larga e lisa (ho, abreviatura de ho fan) frita (chao) com carne de vaca (ngau yuk)), um prato e um sabor mais próximos do reconhecível mas ainda assim a destacar-se pela originalidade da massa.
Vá-se em excursão ao Cacém, pois. Com palas para o caminho não impressionar e de preferência a optar pela primeira entrada do IC19 (para quem vem de Lisboa) - ele há agressões urbanísticas que nos estragam o apetite...
Restaurante Dim Sum
Rua António Nunes Sequeira, nº 14A, Agualva - Cacém (frente à escola secundária)
Tel. 918 012 330 / 21 913 58 48
www.facebook.com/restaurante.dimsum
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