Se eu referir "Pão de Ló", de que terra se vão lembrar? De uma única, a de referência... pensarão. E qual é ela? Pois, há várias.
Há uns dias, numa conversa sobre o doce, fui lesto a falar do pão de Ló de Rio Maior... para, quase de imediato, me lembrar do pão de Ló de Ovar. Rápido também foi o meu interlocutor em me referir o de Margaride (o único!)... Resolvi tirar o assunto a limpo e, com o embalo do inquérito, pus-me em busca. E, como dizia o outro, here are my findings...
Margaride
Manjar eleito por reis, parece ser o tal...
(Fonte: realfamiliaportuguesa.blogspot.com) |
Fábrica do Pão de Ló de Margaride, Lda
Leonor Rosa da Silva
Praça da República, 304, 4610-116 Felgueiras
Telef: 255 312 121 ; Fax: 255 312 121 ; geral@paodelodemargaride.com ; www.paodelo-margaride.com/
Pão-de-Ló Mário Ribeiro SUCRS.
Rua Francisco Sarmento Pimentel, nº88, Felgueiras
geral@paodelo-margaride.com ;
Ingredientes:
19 gemas + 6 ovos inteiros ; 500 grs de açúcar ; 250 grs de farinha ; raspa de ½ limão ; 5 a 6 pedras de sal
Confecção:
Batem-se os ovos com o sal, o açúcar e a raspa de limão durante meia hora. Junta-se a farinha e mistura-se bem, batendo. Tem-se a forma previamente forrada com papel grosso e untado. Deita-se o preparado e leva-se a cozer durante meia hora em forno moderadamente quente coberto com um papel grosso.
NOTA: O autêntico pão-de-ló de Margaride é cozido em forno de lenha em formas de barro não vidrado. Estas formas constam de três tigelas, duas iguais e uma mais pequena, sendo esta colocada invertida no centro de uma das outras tigelas formando um cano. Depois de forrada com papel grosso, em quadrados sobrepostos, a massa é aí deitada, os bicos do papel virados para dentro e depois tapada com a outra tigela.
(Aparentemente a receita foi tirada de um livro da Verbo)
Vizela (Bolinhol)
Em Vizela mora o Pão de Ló mais premiado, ainda que possua uma forma pouco canónica.
O "Bolinhol" ou "Pão-de-Ló Coberto", é o doce tradicional da gastronomia Vizelense. Apresenta uma forma rectangular com uma suave cobertura de açúcar. A sua massa é levemente húmida o que lhe atribui um sabor inigualável.
É bastante difícil afirmar-se com verdadeira exactidão qual o ano em que se deu início à confecção deste maravilhoso legado gastronómico.A grande feitora desta especialidade gastronómica foi a Senhora Joaquina da Silva Ferreira.
A sua extrema e refinada qualidade, faz com que este doce seja vendido não só nas três confeitarias vizelenses, a "Casa do Bolinhol Kibom", a "Delícia" e a "Pastelaria Fina", mas também noutras confeitarias nacionais, sobretudo no Porto.
Será ainda de destacar que o Bolinhol da confeitaria "Casa do Bolinhol Kibom", alcançou o 2º lugar no concurso de doçaria nacional e o 1º lugar no concurso promovido pela Região de Turismo Verde Minho.Já no ano de 2006, foi organizado pela primeira vez pela Câmara Municipal de Vizela, e com muito sucesso, a 1ª Feira do Açúcar “O Bolinhol Convida”, dando efectivo destaque ao nosso doce, levando o nome do mesmo por todo o país. (C.M.Vizela)
* Pontos de Venda
Casa do Bolinhol Kibom
Rua Dr. Abílio Torres, n.º431, Caldas de Vizela (São Miguel); 4815-552 VIZELA< Telf.: 253 587 527 www.casadobolinhol.pt ; e.mail: geral@casadobolinhol.pt
Pão de Ló Delícia
Rua Dr. Abílio Torres - S. Miguel ; 4815-552 VIZELA
Telf.: 253 481 269http://casadelicia.com/
Pastelaria Fina
Rua Dr. Alfredo Pinto, n.º94 - S. João ; 4815-397 VIZELA
Telf.: 253 481 561
Pastelaria Pão - Quente Nuno
Rua Engº. Sá e Melo - S. Miguel ; 4815 - 511 VIZELA
Telf.: 91 897 63 47
Ovar
E o que dizer do de Ovar que parece ter as origens mais remotas e que, segundo os seus defensores, é o detentor da receita original?
Rua Dr. Abílio Torres, n.º431, Caldas de Vizela (São Miguel); 4815-552 VIZELA< Telf.: 253 587 527 www.casadobolinhol.pt ; e.mail: geral@casadobolinhol.pt
Pão de Ló Delícia
Rua Dr. Abílio Torres - S. Miguel ; 4815-552 VIZELA
Telf.: 253 481 269http://casadelicia.com/
Pastelaria Fina
Rua Dr. Alfredo Pinto, n.º94 - S. João ; 4815-397 VIZELA
Telf.: 253 481 561
Pastelaria Pão - Quente Nuno
Rua Engº. Sá e Melo - S. Miguel ; 4815 - 511 VIZELA
Telf.: 91 897 63 47
Ovar
E o que dizer do de Ovar que parece ter as origens mais remotas e que, segundo os seus defensores, é o detentor da receita original?
(fonte: paroquiaovar.blogspot.com) |
"Não se conhecem as razões do surgimento desta iguaria em Ovar, apenas que tem origem conventual, especulando-se que alguma freira Vareira tenha divulgado a receita a algum familiar ou amigo residente em Ovar. Recorde-se que as comunidades monásticas, nomeadamente as femininas em Portugal, eram integradas por professas oriundas das melhores famílias do Reino, e que estas ocupavam o seu tempo conferindo originalidade e requinte no preparo de doçaria exótica destinada aos seus convidados ilustres. Sabe-se, entretanto, que a confecção do Pão de Ló de Ovar é anterior ao século XVIII, sendo referido na obra "Os Passos", do padre Manoel de Oliveira Lírio: "Em 1781, são obsequiados com Pães de Ló de Ovar os Padres que levaram o andor na procissão dos Passos." A iguaria encontra-se ainda referida na obra de Marques Gomes, no trecho relativo à então vila de Ovar: "Na confeitaria tornam-se notáveis o pão de ló e os ovos moles, rivais dos de Aveiro" ("Aveiro e seu Distrito", 1877. p. 290).
No século XIX a iguaria era confeccionada, com uma ou outra variação, por várias das famílias de Ovar, destacando-se a Arrota, a Virgílio, a Guedes e a Presódias. Luiz de Oliveira Gomes, da família Arrota, criou o hábito de, nas quadras festivas do Natal e da Páscoa, presentar aos seus clientes e amigos com Pães de Ló de Ovar, que eram transportados em canastras próprias, cobertas com lona, dando origem a que, o fabrico da iguaria conhecesse incremento no segundo quartel do século XIX. Esse fabrico teve continuidade na pessoa de sua cunhada, Rosa de Oliveira Duarte e depois de seus filhos.
O fabrico, até ao final daquele século, era artesanal: a massa era batida à mão durante duas horas em alguidares de barro vermelho com uma pá de madeira, e cozido, em formas também de barro forradas com papel de linho branco, em fornos de lenha aquecidos com pinhas ou ramos secos. Para testar a temperatura do forno, era utilizada uma vara comprida, levando na extremidade uma tira de papel de linho branco, devendo permanecer no interior do forno durante o tempo de orar um pai-nosso, ocasião em que se invocava uma boa cozedura. Uma forma de tamanho médio consumia um arrátel de açúcar. Era tradição ainda que as pessoas da vila fornecessem ovos, açúcar e farinha de trigo, levando para si as claras restantes e pagando o chamado "feitio de fabrico". Para o transporte dos pães de ló, eram utilizados cestos ou tabuleiros utilizados exclusivamente para esse fim, guarnecidos por panos de linho bordados.
O pão de ló de Ovar tem o formato de uma broa, de massa muito leve e fofa. Na parte superior há uma finíssima côdea húmida, de cor levemente acastanhada (o "ló"), circundada por uma orla de massa cremosa em tom amarelo-ovo, com fragrância característica. É tradicionalmente envolvido em papel de linho branco. (WIKI)
Alfeizerão
No entanto, Alfeizerão tem a fama de produzir um inesquecível de cremoso Pão de Ló...
(Fonte: Elvira's Bistrot / http://1.bp.blogspot.com) |
"No contexto da extinção das Ordens Religiosas em Portugal (séc. XIX), freiras do Convento Cisterciense de Cós transmitiram a receita e as técnicas de fabrico a uma família de Alfeizerão que as terá acolhido. Foi assim que, há mais de 100 anos, a D. Amália Grilo começou a fabricá-lo, por encomenda, para nobres da vila e da Região.
Num livro de 1906, M. Vieira Natividade já o inclui nas «Indústrias tradicionais e caseiras» da Região e assinala a sua presença na exposição industrial então realizada em Alcobaça. Vinte anos depois forma-se em Alfeizerão uma sociedade de produção e comercialização do produto – a que o jornal Ecos do Alcoa, chama em 1932, «a indústria do afamado Pão-de-ló da Tia Amália»; porém fabricado por Maria Ferreira, sua nora.
Desfeita a sociedade, Maria Ferreira inaugura o Café Ferreira em 1947, prosseguindo a sua actividade de primeira fabricante industrial, conforme a receita e as técnicas herdadas – a que as suas descendentes têm dado continuidade." (http://www.docesregionais.com)
Receita:
Ingredientes:
100 grs de açúcar ; 6 gemas ; 2 ovos ; 50 grs de farinha
Confecção:
Batem,-se os ovos inteiros com o açúcar e, quando a mistura estiver esbranquiçada, juntam-se, a pouco e pouco, as gemas desfeitas. Bate-se tudo durante mais 20 minutos com o batedor manual ou 10 minutos com o batedor eléctrico. Sem bater, junta-se a farinha bem peneirada. Deita-se a massa numa forma de folha ou de barro forrada com um papel grosso. Tapa-se com uma folha do mesmo papel. Leva-se a cozer em forno quente (225ºC) durante 10 minutos. Retira-se do forno e desenforma-se. Come-se no dia seguinte.
(Fonte:VERBO)
Arouca
Já em Arouca, outros são os cânones:
(Fonte: Wikipedia) |
Em Arouca, mais concretamente na freguesia de Burgo, é preparado e vendido desde desde 1840 o chamado Pão de Ló de Arouca. Distingue-se dos outros pães de ló por ser preprado em formas rectangulares. É comercializado sob a forma de fatias embaladas individualmente. Antes de serem embaladas, as fatias de pão de ló de Arouca são envolvidas numa calda quente de açúcar.
(WIKI)Figueiró dos Vinhos
Aqui a forma evoca influências... francesas?
Confeitaria Santa Luzia -
Rua Dr. José Martinho Simões, 75 ; 3260-421 Figueiró dos Vinhos
Telf.: 236 552 129
"A tradição doceira, cujo receituário nasceu nos Conventos de Nossa Senhora da Consolação e Nossa Senhora do Carmo, foi mantida desde a extinção das Ordens Religiosas na esfera particular dos domicílios locais; nele se destacavam, para além do Pão-de-Ló, as castanhas doces, os nunca esquecidos e os biscoitos de manteiga." (C.M.Figueiró dos Vinhos)
Rio Maior
E, last but not least...
A sua origem remonta aos anos 60, e a sua confecção foi artesanal, durante mais de 40 anos. Tia Alice Sequeira, iniciou o processo de fabrico, tendo produzido inumeros pães de ló que se tornaram famosos pela sua característica, tendo mais tarde passado a receita aos seu familiares que lhe têm dado continuidade
Actualmente o Pão de Ló de Rio Maior, é confeccionado industrialmente. No entanto, continua a ser um produto natural sendo confeccionado apenas com ovos, farinha e acuçar sem a adição de corantes nem conservantes.
Pão de Ló de Rio Maior
Fábrica: Rua Mariano de Carvalho, 26 r/c
Posto de Venda: Posto Galp - Bastidas
Revendedores: Pastelarias e Cafés da Cidade de Rio Maior ; 2040 Rio Maior
Telefone 243 996 266 - 243 996 801
Existe, desde 2010, impulsionada por Maria de Lourdes Modesto, a Confraria Gastronómica do Pão de Ló Tradicional. Infelizmente, não se encontra site próprio, nem notícias recentes. Tem página no Face mas é pouco mais do que o cadáver adiado. É pena. Ou ainda está no tempo dos CTT ou perdeu o gás inicial.
Existe, desde 2010, impulsionada por Maria de Lourdes Modesto, a Confraria Gastronómica do Pão de Ló Tradicional. Infelizmente, não se encontra site próprio, nem notícias recentes. Tem página no Face mas é pouco mais do que o cadáver adiado. É pena. Ou ainda está no tempo dos CTT ou perdeu o gás inicial.
já comi o bolinhol, comprado na casa do pão de ló delicia e já comi o bolinhol comprado também na pastelaria delicia achei que o 1º. era bastante melhor não sei se foi por ser no verão e não estava tão húmido porque o que comi comprado pelo NATAL não achei tão bom, mas facto foram os melhores que comi foram esses de Vizela
ResponderEliminare ambos foram oferecidos por uma pessoa amiga.obrigado
Obrigado pela partilha. :-)
ResponderEliminarBom dia
ResponderEliminarObrigada pela partilha da informação. No entanto, faltam referências a outras receitas de pão de lo.
Quando à referência à confraria gastronómica do pão de lo tradicional, o trabalho de casa não esta correto., A confraria existe desde 2007 e teve o sei 1º capitulo e entronização em maio de 2010. O 2º capitulo realizou-se este ano, dia 17 de Março em Guimarães. Poderia ter entrado em contacto connosco através do nosso email,e obteria outras informações de carácter histórico, enriquecendo assim o seu "artigo".
Lamento que o seu comentário final tenha retirado interesse a este artigo, pois denota, de facto, imenso desconhecimento do que esta confraria realmente tem vindo a fazer ao longo da sua curta existência e também algum desprezo pelos confrades que a integram.
Entre em contacto connosco através de confrariadopaolo@gmail.com. Teremos todo o gosto em informa-lo de todas as dúvidas que me parece ter.
Não posso deixar de me despedir sem dizer que o pao de lo tradicional , independentemente da região de onde provém, é efetivamente dos melhores doces tradicionais que o nosso pais tem.
Um bem haja a todos
Alexandra Osório
Cara Alexandra Osório,
ResponderEliminarEm primeiro lugar, o meu agradecimento pelo contacto e pela prestação de informações, assinalando as afirmações incorrectas.
Em segundo lugar, os meus parabéns pelo trabalho em prol do pão de ló tradicional e pelo acumular de esforços realizados desde que este texto foi publicado, em Março de 2011. Com efeito, como se pode comprovar pela V. página do Facebook, à data as últimas informações publicadas eram de quatro meses antes - não seria impensável pressupor, como escrevi (e na inexistência de mais informação na net) que a confraria teria perdido o "gás inicial" que tinha originado a sua criação ou que ainda basearia a divulgação da sua actividade em processos pré-internéticos.
Quanto ao início da existência, aceito a sua afirmação. Mea culpa, que entendi como início efectivo a data da primeira cerimónia de entronização - essa sim realizada em Maio de 2010 -, e acreditando que a ausência de notícias ou indicações anteriores a essa data pressupunha que nada tivesse de facto ocorrido antes.
Terei todo o prazer em acrescentar, num novo post, a informação em falta quer sobre os objectivos e actividade da Confraria quer sobre os restantes pães de ló existentes no país pelo que lhe deixo desde já o repto: quando ma quer enviar?
O mail é o de sempre, cruzgomes.pedro@gmail.com