Lisboa é uma cidade de rios. Há o Tejo, claro, também da minha aldeia rio, eu que já sou menino da outra cidade que não a pitoresca, a plasmada nos fados e nos olhos dos turistas, eu que já sou menino da mediana cidade de que todos se esquecem porque nem depauperada nem engalanada.
O Tejo é o rio da minha aldeia mas não é o único rio desta aldeia. Há o rio de Alcântara que envergonharam encanando-o a partir de lá longe, tirando sentido aos Sete Rios. E os rios que atapetavam os vales confluentes na futura Baixa e que o trabalho do homem por misteriosos caminhos secou. E os rios que descem Alfama por debaixo do casario e correm quentes e sulfurosos e que a ninguém aproveitam. E os rios de Camões que se transmutaram em lágrimas, lágrimas que Pessoa evocou e que vi correr ao longo da vida cara abaixo de muitos lisboetas, no cais da Rocha de Conde d'Óbidos de onde partiam os infelizes e onde chegavam os afortunados que sobreviviam à connerie africana, no Carmo da esperança e da alegria, nos enterros daqueles cedo partidos, amados pelos deuses.
Como a água que corre na cidade, à superfície ou subterrânea, assim corremos nós.
Somos animais sociais, sedentos de um olhar ou de uma discussão, de gargalhar ou contrapor.
E, por um momento, paramos. Escutamos atentos ou absortos em outra coisa qualquer. Um dado que se lança e pretende virar o destino ou o passado.
Somos águas que se avizinham que se tocam. Que se trocam.
O Tejo é o rio da minha aldeia mas não é o único rio desta aldeia. Há o rio de Alcântara que envergonharam encanando-o a partir de lá longe, tirando sentido aos Sete Rios. E os rios que atapetavam os vales confluentes na futura Baixa e que o trabalho do homem por misteriosos caminhos secou. E os rios que descem Alfama por debaixo do casario e correm quentes e sulfurosos e que a ninguém aproveitam. E os rios de Camões que se transmutaram em lágrimas, lágrimas que Pessoa evocou e que vi correr ao longo da vida cara abaixo de muitos lisboetas, no cais da Rocha de Conde d'Óbidos de onde partiam os infelizes e onde chegavam os afortunados que sobreviviam à connerie africana, no Carmo da esperança e da alegria, nos enterros daqueles cedo partidos, amados pelos deuses.
Como a água que corre na cidade, à superfície ou subterrânea, assim corremos nós.
Somos animais sociais, sedentos de um olhar ou de uma discussão, de gargalhar ou contrapor.
E, por um momento, paramos. Escutamos atentos ou absortos em outra coisa qualquer. Um dado que se lança e pretende virar o destino ou o passado.
Ou o doce nos teus olhos. Dos teus olhos
Somos águas que se avizinham que se tocam. Que se trocam.
Este gastrojantar,parece-me ser um hibrido entre o fim do mundo e o afrodite....
ResponderEliminarCena estranha, muito estranha....
Pois, com a água que corre....
Obrigada, pela partilha....
Cenas que correm e ocorrem. E a partilha do alimento como ponto comum. Ceias quase litúrgicas, diria eu.
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