Fui feliz no Assinatura.
Fui muito feliz no Assinatura, desde o primeiro jantar, ainda em soft-opening, até um amistoso jantar de aniversário com amigos muito queridos, com quem compartilho afectos desde que o meu mundo adulto é mundo.
Devem ser assim os restaurantes que nos marcam: locais de descoberta e de emoções, locais onde o alimento se torna eucarístico, locais de recolhimento e comoção.
O Assinatura era assim, sob o gesto preciso e elegante do Henrique Mouro, os sorrisos certos e tranquilos da equipa, à frente da qual sobressaía o chef executivo Pedro Rezende Pereira (e onde no início também brilhou o sommelier Armindo Saraiva), o espaço e mais a mesa do chef para uma refeição em jeito de festa.
Acho que foram as sardinhas com morango que me conquistaram. Ou o xerém. Ou o creme de poejo.
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| 25 de Junho de 2010: Filete de sardinha com Queijo da Ilha e Morangos |
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| 25 de Junho de 2010: Sopa seca de Berbigão |
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| 25 de Junho de 2010: Salmonete com xerém de Berbigão |
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| 25 de Junho de 2010: Biscoito de chocolate com creme de poejo e frutos silvestres |
Ou a lua de mel tripartida de camarão, manga e coco tostado numa flor de courgette.
Ou o bacalhau desfiado com queijo do Paul.
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| Julho de 2011 |
Ou o borrego assado com uvas e figos.
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| Julho de 2011 |
Ou o arroz doce com pêras e fava de tonka.
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| Julho de 2011 |
Ou ainda as plumas de porco com feijoada de caracóis.
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| Julho de 2012 |
Com a saída de Henrique Mouro e o desmembramento da equipa (o chefe executivo parte para Angola) esboroa-se um dos projectos mais consistentes da cidade. Fruto da falta de visão dos investidores ou desta crise nefasta originada nas cabeças pensantes de quem nos governou ou governa, de impunidade certa e confusão mental absoluta? Eu sei que as contas têm de ser pagas mas alguém pode honestamente acreditar que um restaurante de topo começa a dar lucro rapidamente? O Fat Duck foi salvo da falência pelo anúncio da terceira estrela...
Termino com duas esperanças: que Henrique Mouro retorne breve com mais um projecto sólido e consistente; que João Sá, uma das mãos por detrás do sucesso do G-Spot, mantenha as unhas bem afiadas para esta guitarra que vai começar a dedilhar.
