É regar e pôr ao luar! Assim se anunciavam em Lisboa os manjericos, essa desconhecida variante em tom menor do manjericão.
Quantos exemplos conhecemos de restaurantes tratados como manjericos, com os respectivos proprietários a entender que lhes basta uma carinha laroca - a decoração, a envolvente, o nome, a relações públicas... - para lhes garantir longa vida& lucros em concordância?
Este Sábado apeteceu-me festejar em frente ao mar. Ver o lento mergulho do Sol acompanhado das subtis mudanças da luz dourado-rosa-violeta-azul. E, no ritmo, degustar um bom produto marinho, sabiamente preparado, do modo como só as populações ibero-atlânticas parecem saber fazer. Lembrei-me do restaurante das piscinas das Azenhas do Mar e lá fui.
Espaço agradável, sóbrio, evocativo dos restaurantes efémeros de praia notando-se, todavia, cabeça pensante e não obra do acaso. Serviço atencioso, sem pretenciosismos (nem muita ciência mas aquele não me parece ser um local que busque a celebridade das estrelas Mich).
Pôr-do-Sol, uma vista desafogada, bom ambiente - parecia ter acertado.
A desilusão começou com a oferta de peixe - robalos, douradas, linguados. Só? Percebes, ostras (estas, se não me falha a memória)... Só? A isto se resumia o conteúdo do expositor frigorífico colocado junto à entrada e nada mais que isto me foi ofertado como possibilidade de escolha. Fresquíssimos na aparência, de origem marítima mas... repito, mais uma vez, só?
Não havendo consenso para um deles (robalos e douradas enormes para só um, linguado sem freguês) foram as escolhas direccionadas para uma massada de peixe, um polvo à lagareiro e um arroz de polvo.
Quase uma hora depois, lá chegaram.
A massada, apurada, cheirosa, correcta. Única objecção em relação à incongruência do tacho: estamos num restaurante ou numa tasca? Decidam-se - ou deixam os rodriguinhos (e os preços) ou largam o tacho e arranjam terrinas. Sol na eira e chuva no nabal...
O polvo foi uma absoluta decepção, a ponto de ter ficado quase todo no prato. Mal cozinhado, sem sal, couve rija a denotar retirada antes de tempo e, em contrapartida, as batatas assadas feitas puré embrulhado na casca enegrecida. Que desastre. Suprema ironia, o cuidado posto na montagem e decoração do prato. Pergunto-me se o cozinheiro decorador tem um preparador péssimo ou se é o decorador que se esqueceu de tirar um curso de cozinha...
De mais nada tirei fotografias, de irritado que fiquei. Não é possível que um cozinheiro subscreva esta preparação e não é aceitável que quem a tenha feito se intitule ou profissione como cozinheiro...
O arroz de polvo esse, estava bem temperado, com o senão do polvo também estar emborrachado, sinal que a ciência de o cozinhar é totalmente ignorada por aquelas bandas.
Conclusão: arrisque-se se o objectivo fôr refeicionar com uma bela vista. Sendo a comida secundária, coma-se o que apetecer. Em caso contrário, opte-se pelos grelhados ou pelos bivalves, não esquecendo de relembrar à cozinha que, sendo português, está habituado a ter sal na comida.
Eu? Duvido que volte. Apesar da vista. Mas o que não faltam é restaurantes na costa.
Apreciação: Cozinha - 2,83 ; Global - 12,56
Quantos exemplos conhecemos de restaurantes tratados como manjericos, com os respectivos proprietários a entender que lhes basta uma carinha laroca - a decoração, a envolvente, o nome, a relações públicas... - para lhes garantir longa vida& lucros em concordância?
Este Sábado apeteceu-me festejar em frente ao mar. Ver o lento mergulho do Sol acompanhado das subtis mudanças da luz dourado-rosa-violeta-azul. E, no ritmo, degustar um bom produto marinho, sabiamente preparado, do modo como só as populações ibero-atlânticas parecem saber fazer. Lembrei-me do restaurante das piscinas das Azenhas do Mar e lá fui.
Espaço agradável, sóbrio, evocativo dos restaurantes efémeros de praia notando-se, todavia, cabeça pensante e não obra do acaso. Serviço atencioso, sem pretenciosismos (nem muita ciência mas aquele não me parece ser um local que busque a celebridade das estrelas Mich).
Pôr-do-Sol, uma vista desafogada, bom ambiente - parecia ter acertado.
A desilusão começou com a oferta de peixe - robalos, douradas, linguados. Só? Percebes, ostras (estas, se não me falha a memória)... Só? A isto se resumia o conteúdo do expositor frigorífico colocado junto à entrada e nada mais que isto me foi ofertado como possibilidade de escolha. Fresquíssimos na aparência, de origem marítima mas... repito, mais uma vez, só?
Para entreter, uns percebes. Bons. |
Quase uma hora depois, lá chegaram.
A massada, apurada, cheirosa, correcta. Única objecção em relação à incongruência do tacho: estamos num restaurante ou numa tasca? Decidam-se - ou deixam os rodriguinhos (e os preços) ou largam o tacho e arranjam terrinas. Sol na eira e chuva no nabal...
O polvo foi uma absoluta decepção, a ponto de ter ficado quase todo no prato. Mal cozinhado, sem sal, couve rija a denotar retirada antes de tempo e, em contrapartida, as batatas assadas feitas puré embrulhado na casca enegrecida. Que desastre. Suprema ironia, o cuidado posto na montagem e decoração do prato. Pergunto-me se o cozinheiro decorador tem um preparador péssimo ou se é o decorador que se esqueceu de tirar um curso de cozinha...
Quem diria que ao lado desta pequena féerie à borda do prato, repousava a pior confecção de polvo que me foi dada a pagar? |
O arroz de polvo esse, estava bem temperado, com o senão do polvo também estar emborrachado, sinal que a ciência de o cozinhar é totalmente ignorada por aquelas bandas.
Conclusão: arrisque-se se o objectivo fôr refeicionar com uma bela vista. Sendo a comida secundária, coma-se o que apetecer. Em caso contrário, opte-se pelos grelhados ou pelos bivalves, não esquecendo de relembrar à cozinha que, sendo português, está habituado a ter sal na comida.
Eu? Duvido que volte. Apesar da vista. Mas o que não faltam é restaurantes na costa.
Apreciação: Cozinha - 2,83 ; Global - 12,56