Há dias assim. No meio de Nigellas e Jamies que não interessam para nada ou de dezenas de exemplares cuja única contribuição para a história da culinária é a descoberta de mais uma maneira de rescrever as mesmas receitas de sempre, os responsáveis da FNAC lá resolvem deixar, como quem não quer a coisa, uma daquelas pérolas que nos enchem a vida.
É raro. Mas acontece.
A última que lá descobri é a que irá ser o meu livro de companhia durante muito tempo, tão grande o mundo que contém:
99 ingredientes - dos queijos às alcaparras, do caviar à cereja, da hortelã ao café... - , agrupados em 16 temas - "amostardado", "sulfuroso", "frutado floral", "marítimo", entre outros - e combinados entre si, dois a dois, numa análise das possibilidades e potencialidades geradas, poderá ser o sumário desapaixonado.
Mas como alguém pode ser desapaixonado quando descobre que o "Farikal" - que é um popular prato norueguês, comido tradicionalmente em meados de Setembro para marcar o final do Verão -, não é mais do que borrego cozido com couve, servido com batatas cozidas e acompanhado com cerveja ou aquavit, mas que a mesma combinação, (ainda que com borrego fumado) se chama castradina em Veneza e é servida no dia 21 de Novembro na Festa Madonna della Salute e que evoca as provisões enviadas pela população fronteira da região croata da Dalmácia aquando de uma furiosa epidemia de peste que quase aniquilava a cidade, salva, crêem os crentes, pela Madonna, em honra da qual construíram uma das suas mais belas joias barrocas, de arquitectura de inspiração palladiana?
Ou quando lê uma antiga receita inglesa de pasta para sanduiches com queijo velho ralado, anchovas (biqueirão anchovado), mostarda, molho branco frio e pimenta de cayenne?
Ou aprende que o cardamomo e a canela se completam como Krishna e a sua mortal noiva Radha, amantes lendários? E que, acrescentados a uma caneca de leite e deixados ferver são a base de um fragante milkshake de banana?
Ou, ou, ou... uma infinidade de histórias e conselhos e descobertas e utilizações que evocam outras, despertam ideias, convocam memórias.
É raro. Mas acontece.
A última que lá descobri é a que irá ser o meu livro de companhia durante muito tempo, tão grande o mundo que contém:
99 ingredientes - dos queijos às alcaparras, do caviar à cereja, da hortelã ao café... - , agrupados em 16 temas - "amostardado", "sulfuroso", "frutado floral", "marítimo", entre outros - e combinados entre si, dois a dois, numa análise das possibilidades e potencialidades geradas, poderá ser o sumário desapaixonado.
Mas como alguém pode ser desapaixonado quando descobre que o "Farikal" - que é um popular prato norueguês, comido tradicionalmente em meados de Setembro para marcar o final do Verão -, não é mais do que borrego cozido com couve, servido com batatas cozidas e acompanhado com cerveja ou aquavit, mas que a mesma combinação, (ainda que com borrego fumado) se chama castradina em Veneza e é servida no dia 21 de Novembro na Festa Madonna della Salute e que evoca as provisões enviadas pela população fronteira da região croata da Dalmácia aquando de uma furiosa epidemia de peste que quase aniquilava a cidade, salva, crêem os crentes, pela Madonna, em honra da qual construíram uma das suas mais belas joias barrocas, de arquitectura de inspiração palladiana?
Santa Maria della Salute, Veneza (Fonte: Wikipedia) |
Ou aprende que o cardamomo e a canela se completam como Krishna e a sua mortal noiva Radha, amantes lendários? E que, acrescentados a uma caneca de leite e deixados ferver são a base de um fragante milkshake de banana?
Ou, ou, ou... uma infinidade de histórias e conselhos e descobertas e utilizações que evocam outras, despertam ideias, convocam memórias.
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