Querida Mô,
Há espaços na cidade que chegam e ficam, outros há que vêm e vão "tão cedo desta vida descontentes" numa errância de uso e arquitecturas que parece maldição. Lisboa é muito extrema neste particular, como uma criança mimada com os seus brinquedos - ou os usa apenas o tempo de os trocar por outro ou os atira para um canto, recusando-se no entanto a deixar qualquer outro com eles brincar.
Bairros há que fenecem mal-queridos, as pilhas babadas de ácido a estragar mecanismos, esventrados, com peças em falta. Outros remodelam-se num ápice, as suas memórias apagadas em conjunto com as pedras demolidas, os tempos, as modas, as gentes tudo como se apenas um sonho de um também já esquecido cidadão.
De três mercados que marcaram profundamente a cidade e a vida dos seus não resta mais do que o amarelo das fotografias dos jornais da hemeroteca da cidade. O "progresso", esse argumento dos pobres, encarregou-se em tempos diferentes de os demolir. Num primeiro caso ainda se cuidou da toponímia, nos restantes, a proximidade de construções "de luxo" ou apenas a indiferença nem isso deixou.
Mercado da Praça da Figueira |
Matadouro Municipal de Lisboa, fachada Edificado em 1863, deixou de funcionar em 1955, sendo substituído pelo matadouro de Cabo Ruivo, inaugurado no ano anterior (Fonte: Arquivo Municipal de Lisboa) |
Picoas no presente (Fonte: Google Maps) |
Finalmente, o Mercado Abastecedor que a cidade foi envolvendo, posto em desuso pela transferência para novas instalações numa longínqua periferia. De todas as possibilidades que oferecia, escolheu-se a mais comezinha: construir habitação para jovens a preços moderados. Porque é que para ter habitação os jovens têm de a comprar é uma daquelas perguntas que ninguém teve vontade de fazer durante muitos anos. A ilusão da propriedade...
Actual Avenida das Forças Armadas à esquerda, edificações no local do antigo mercado (Fonte: Google Maps) |
4 bifes do acém redondo; 2 dentes de alho; grãos de pimenta; sal; 2 cravinhos; pitada de noz-moscada; 2 c. sopa manteiga; 1 cebola; 1 c. sopa polpa de tomate
Num almofariz pisam-se os dentes de alho, a pimenta, sal, cravinhos e noz-moscada.
Numa frigideira de barro aloura-se a manteiga (1 colher) e refoga-se a cebola cortada às rodelas, depois a polpa, por cinco minutos, em lume brando.
Junta-se a carne, mantendo o lume apenas o tempo suficiente para ganhar cor dos dois lados.
Acrescentam-se os temperos do almofariz, a 2ª colher de manteiga e frita mais um minuto.
Sem comentários:
Enviar um comentário