quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Na Régua, Dois Irmãos

Apesar das auto-estradas, demandar o Peso da Régua ainda é um esticão.  A paisagem compensa - como compensa! - mas chegar perto das duas da tarde, trôpegos e desidratados da monotonia do caminho, introduz a enorme exigência de ser recompensado, mimado com algo da terra, que venha da memória das gentes, sem funfuns nem gaitinhas, sem exterioridades contemporâneas, muitas vezes injustificadas. Noutro lugar, noutro tempo, talvez, nestas precisas condições não mesmo.


A avenida de João Franco é a morada cenográfica da cidade. Marginal, o rio a seus pés e os pés dos turistas fluviais a subirem do cais em ávida procura do vinho generoso mais famoso do mundo.

Procura-se nas referências de prevenção e os menus afixados são uma desilusão. Uma pequena casa espreita. Está cheia, não aparenta pretensões nem a Noma nem ao Bulli. Entra-se expectante - no coração de cada gastrónomo esconde-se o não tão secreto desejo de uma paixão inesperada.

Bolinhos de bacalhau, oferecem-nos, envergonhados. Bolinhos de bacalhau com arroz de tomate! Como poderíamos recusar, tão perto da terra que ofereceu a Jacinto a vantajosa troca da sofisticação cosmopolita pela profunda, maravilhosa e tão oh tão recompensante cozinha tradicional?



Como Jacinto, provámos, arregalámos o olho e dissemos, profundos e convencidos - está bom!

Restaurante Dois Irmãos, Avenida de João Franco, Peso da Régua

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